FINALIZAÇÃO DO BLOG

Postado por Heloisa Toreti | 10:48 | 0 comentários »

Encerramos neste post o blog "Sociedade dos motoristas".

Criar um blog, fazer estudo de campo e rever nossos conceitos sobre os motoristas de ônibus e vans da Puc-Campinas foi importante para nossa formação, pois conhecer os demais grupos sociais diferentes do nosso nos ajuda a nos entender melhor e também a respeitar e compreender o modo de vida dos demais.

Despedida - Parte 2

Postado por Anônimo | 17:45 | 1 comentários »

Venho aqui finalizar a nossa despedida, iniciada por Juliana, sobre o nosso estudo a respeito dos motoristas de vans e ônibus da PUC-Campinas. Pudemos observar, logo no começo do trabalho, quando fomos aos bolsões da Universidade conhecer nosso "objeto de estudo", que eles ficaram um pouco surpresos com a nossa visita. Não era para menos. Acredito que poucas pessoas hoje em dia param para pensar no "outro". Vivemos numa sociedade individualista, e como tal, costumamos pensar primeiro em nós mesmo, para depois, quem sabe, pensar na pessoa que está do nosso lado. E foi esse o pensamento que os motoristas tiveram. Quando chegamos com câmera fotográfica no estacionamento onde estavam, eles olharam desconfiados, como quem diz: o que esses jovens estão fazendo aqui? Por qual motivo querem fotografar a gente? Alguns se negaram a tirar fotos, outros, com certa timidez, aceitaram. Explicamos nosso trabalho, mas ainda assim não conseguiam entender porque eles, que jamais imaginariam que seriam ouvidos, foram escolhidos.

Penso que isso aconteceu pelo simples fato de que são poucos os que abrem o mundinho em que vivem para uma realidade muita mais ampla do que na verdade parece ser. Um dos motoristas entrevistados, W. S., me disse que havia pessoas que ele levava todos os dias para PUC e que nunca sequer tinham olhado no rosto dele para dizer um simples "oi". E não era uma pessoa, eram várias. Isso prova que existem pessoas que vivem isoladas em seu grupo e acha que o "outro" não faz parte da sociedade em que vive. Preconceitos existem e sempre vão existir, pois a nossa sociedade ainda não está preparada para viver em conjunto, como um grande grupo, até mesmo porque o capitalismo de hoje não nos permite isso.

Finalizo o nosso trabalho, dizendo que o meu grupo não é melhor e nem mais importante do que qualquer outro grupo, e que não é porque as pessoas são diferentes umas das outras que não podem viver juntas num mesmo espaço ou num mesmo "mundo", pois é entendendo o "outro" que nos tornamos pessoas melhores.

Na Reta Final

Postado por JuFelzke | 06:18 | 0 comentários »


Despedida - Parte 1

Bom entramos na fase final do nosso trabalho de antropologia, o objetivo desse trabalho era escolher um grupo de estudo e por alguns meses conhecer um pouco mais sobre o que os torna diferentes. Reconhecemos que não foi um trabalho fácil mas a experiência teve seus bons momentos, além de conhecer melhor os motoristas de ônibus e vans pudemos também entender a dificuldade que traz esse emprego tão pouco valorizado.

Porém a grande descoberta feita por nós durante esse tempo não foi a respeito deles e sim de nós mesmos, sempre tivemos um conceito fechado do que era o nosso grupo, afinal estamos juntos a um ano e meio e mesmo assim, temos muito que aprender sobre esses relacionamentos. Antes de começar esse trabalho eu nem imaginava que enfrentaríamos tantos problemas, desde a falta de tempo dos integrantes (que trabalham) até a resistência dos nossos "amigos" motoristas que em inúmeras ocasiões se recusaram a falar conosco.

Notamos que mesmo fazendo parte de um mesmo grupo, muitas vezes não era assim que nossos objetos se viam, há grandes diferenças entre os motoristas de vans e ônibus; (como já foi dito aqui no blog) eles se vêem de maneiras muito diferentes o que foi uma surpresa para nós. E como não podia deixar de ser o preconceito se faz presente aqui, as mulheres que trabalham com eles não tem grande espaço dentro da profissão e as (poucas) que trabalham acabam tendo que "provar"o seu valor para serem reconhecidas como boas motoristas.

Outras coisa que tivemos que aprender, não é nada agradável "invadir" o espaço alheio, privacidade é algo que todos nós queremos e não abrimos mão desse direito, e parte do nosso trabalho era ter que fazer exatamente isso. Depois de tudo que passamos e do que foi escrito aqui acredito que conseguimos atingir o nosso objetivo, saímos desse semestre com algo a mais, não só um maior conhecimento do nosso objeto de estudo mas sim do nosso grupo com um todo, já que é quando olhamos para os outros, realmente conseguimos enxergar melhor dentro de nosso prório grupo.

Essa é a minha despedida do trabalho de antropologia, estamos finalizando o blog para a avaliação do professor Álvaro de Oliveira, até mais queridos amigos e companheiros. Nos vemos semestre que vem. Todos juntos novamente.

Ser motorista de ônibus e vans traz implicito ao cargoa responsabilidade de lidar e cuidar da vida de todos aqueles que entram em seus veículos.

Por este motivo, é que muitos dos motoristas de ônibus e vans da Puc-Campinas exigem que todos seus passageiros entreguem uma carteirinha ao entrar no veículo. Caso aconteça algum acidente, é pela carteirinha que as autoridades competentes vão reconhecer as vítimas.

Além de lidar com a vida dos outros, os motoristas devem cuidade de suas próprias vidas, seus anseios, medos, e tudo aquilo que envolve suas personalidades.

Mais do que cuidar de si mesmos, os motoristas muitas vezes agem como se fossem "psicólogos", pois os estudantes, chegam nos veículos cansados, estressados, querendo largar a faculdade, alegres por causa das notas, enfim, os motoristas escutam todas essas lamentações e consolam estes alunos.

Alguns motoristas de vans e ônibus possuem em seus veículos televisores e aparelhos de som a fim de animar e relaxar seus passageiros. Em algusn casos, toda essa transimissão radiofônica e televisiva atingi os objetivos, pois os estudantes acabam por relaxar e dormir, ou então interagem com os demais passageiros.

Por todos estes cuidados, os motoristas acabam se tornando amigos dos alunos que entram em suas vans e ônibus por todo o semestre, ou ano letivo, e até mesmo pelos quatro, cinco anos de faculdade.

Etnocentrismo entre Motoristas?

Postado por Fernanda Custódio | 06:54 | 0 comentários »



O etnocentrismo não é um problema exclusivo de uma determinada época nem de uma única sociedade. Ao conversamos com nossos objetos de estudo comprovamos essa afirmação. E percebemos que o etnocentrismo está presente no nosso dia-a-dia até mesmo nos grupos menos prováveis.
Quando chegamos ao bolsão encontramos vários motoristas de ônibus conversando e dando risadas entre si. Os que não estavam no grupo conversando estavam dormindo.
Já no outro bolsão encontramos alguns motoristas de vans jogando truco na maior empolgação. Chegaram até nos convidaram para jogar junto.
E ao perguntarmos por que eles não jogam juntos, os motoristas de vans respondem que os outros motoristas são pouco sociáveis, não gostam de conversar e preferem ficar entre eles.
As mulheres motoristas também sofrem com o etnocentrismo. Como já foi dito no blog, elas são vítimas de piadinhas e preconceito por parte dos motoristas homens.
Essa visão de mundo, em que o meu grupo é sempre superior vai continuar sempre a existir, mas o essencial é saber a conviver com as diferenças do outro.

A vida por fora das "Quatro Rodas"

Postado por Eduardo Costa | 15:11 | 0 comentários »

Sexta-feira, 16 de Maio de 2008, faltando quinze minutos para meia noite. Maria Firmina (nome fictício) acaba de deixar seu ultimo passageiro, e segue para casa. Já começa a pensar no que pretende fazer nos dois dias seguintes. Sua dura rotina, que começa na segunda-feira, chegou ao fim hoje.

Maria conta que normalmente prefere descansar no sábado, para acordar bem no domingo de manhã e fazer uma boa caminhada, junto com sua filha de 11 anos de idade. Na parte da tarde, sem muitas opções, vai para algum shopping de Campinas.

Conta também que nem sempre sua rota é a Puc-Campinas, pois também freta sua Van para viagens pelo país, serviço que nem sempre aceita. Há alguns dias, por exemplo, mais precisamente no dia da final do Campeonato Carioca, recebeu uma proposta para ir até o Maracanã levando 12 torcedores para assistir a final ente Flamengo x Botafogo. Proposta recusada. Mas, para não perder o cliente, resolveu emprestar sua Van, e um dos torcedores pode ir dirigindo. Assim Maria pode ter um final de semana completo ao lado de sua filha.

“De vez em quando é bom esquecer de tudo, pois a rotina de trabalho não cansa apenas meu físico, mas também meu psicológico. No final de semana quero liberdade. Nem sempre consigo, pois muitas vezes também corro atrás de fazer manutenção para Van.”

Perguntei se normalmente ela se reúne com amigos (as) de profissão para bater um papo, ou algo parecido:

Olha, é difícil, pois não moramos próximos. Tem muita gente que é de Campinas, entre outras cidades, e eu sou de Sumaré. Só conseguimos nos reunir mesmo na Puc.”

Esse foi um pequeno resumo do que Maria Firmina, motorista de uma das Vans da Puc-Campinas, faz frequentemente nos finais de semana.

A dificuldade de ser Mulher

Postado por JuFelzke | 12:07 | 0 comentários »

Não é fácil ser uma motorista mulher em um meio tão predominantemente masculino, o preconceito está presente e não é fácil ignorar. Dentre os motoristas de ônibus e vans da PUC-Campinas conhecemos apenas duas mulheres e apesar da escolha de se tornarem motoristas não ter sido delas, o desemprego as levou a essa profissão, hoje o trabalho já não é mais encarado como uma obrigação, ambas disseram que se sentem mais a vontade para assumir essa nova identidade: a de motoristas.

Entre as reclamações, a mais freqüente (como não podia deixar de ser) é o preconceito que elas têm de enfrentar no dia-a-dia, tanto dos colegas como de amigos e familiares. Dos amigos elas ouvem que não é seguro dirigir à noite, na pista e na cidade. Entre os colegas de profissão o que elas mais tem que agüentar é a provocação e as insinuações de que por serem mulheres elas são piores no volante. Nunca é fácil ser a excessão dentro de um grupo, tanto para mulheres como para homens, mas para conquistar espaço é preciso coragem e confiança de que se esta fazendo a coisa certa.

No ínicio não foi fácil assumir para as pessoas que eram motoristas, era algo incomodo para elas que achavam que essa profissão não era para mulher, mas com o tempo essa imagem foi desaparecendo, a convivência com outras motoristas mulheres as ajudou a ver que não há uma profissão masculina ou feminina e que elas eram capazes de desempenhar a função tão bem quanto qualquer outra pessoa.

O fato de serem mulheres trouxe maior confiança para as mães de seus passageiros, já que elas se sentiram mais seguras de ter uma mulher responsável pelo transporte, por considerar que estas são mais cuidadosas no trânsito e são menos propensas a se envolver em acidentes. Apesar disso elas contam que muitas empresas de ônibus não aceitaram que elas se candidatassem para o cargo de motorista, já que eles procuravam apenas homens para ocupar função mas essa visão machista esta perdendo espaço enquanto as mulheres conquistam esse novo território ainda tão pouco explorado.

O Passatempo

Postado por BoR_Zanon | 09:21 | 0 comentários »

Continuando nosso estudo sobre os motoristas...

No dia 24/04/2008 (quinta-feira) decidimos fazer um trabalho de campo, e acompanhar qualquer atividade que os nossos objetos de estudo fizessem.

Primeiramente resolvemos ir no local onde os veículos são guardados (vans e ônibus). Procuramos por alguma atividade que pudéssemos participar. Já era de nosso conhecimento que alguns motoristas jogavam truco, então procurávamos algo diferente.

Motoristas das Vans:

No bolsão das vans, não havia atividade nenhuma, aliás pareceu-nos que esse é mais reservado, pois poucos motoristas estavam conversando e a maioria estavam dormindo em seus veículos, além disso, eles não tinham baralho.

Motoristas de Ônibus:

Mesmo estando em menor número, a maioria dos motoristas ficam conversando a maior parte do tempo, e reservam algum tempo para jogar truco (única atividade exercida com o baralho), no dia em que fomos fazer o trabalho de campo, pudémos observar no mínimo dois grupos (duas duplas) de jogadores.

Douglas e (nome fictício) era líder do grupo, a liderança foi atribuída por ser extrovertido e por sere dono do baralho.

Sobre a Atividade:

Integrantes: (nomes fictícios)

Douglas - líder, se expressava mais e não aceitava perder

Murilo - fazia dupla com o Douglas, e obedecia a maioria das ordens dadas pelo Líder, parecia mais introvertido, mas gostava de jogar


Emerson - parecia concorrente do Líder, e travava um "duelo sadio" contra Douglas, essa característica tornava-o líder da dupla

Gilberto - fazia dupla com Emerson, embora fosse mais comunicativo que o Murilo, eles têm semelhanças, e por isso travava outro "duelo sadio", mas com o motorista Murilo.

O Local:

Jogavam sentados em banquinhos de madeira, e havia uma mesa pequena de plástico, na mesa mal cabiam as cartas espalhadas. Os motoristas costumam sentar entre os ônibus, no caso da empresa que trabalham.

Os motoristas sentavam nessa ordem:

(dupla 2)
........................Emerson......................

Douglas.................................Murilo (dupla 1)

........................Gilberto........................


A VISITA:

Após observarmos os duelos entre as duas duplas, Eduardo e Ricardo (Bor Zanon) tiveram oportunidade de jogar com os motoristas

Jogamos contra Douglas e Murilo, no começo Todos ficaram um pouco tímidos, mas após nossa derrota a dupla adversária começou a se soltar.

Douglas fez piadas e imitações, Murilo, Emerson e Gilberto riam, assim pareceu que estávamos dentro do grupo e aproveitamos para fazer mais perguntas.

Conteúdo/Conclusão:

O jogo nos fez ficar mais íntimos dos motoristas, Douglas gostou da idéia e nos convidou para jogar mais vezes, disse-nos que eles jogam a maioria dos dias. Os motoristas nos esclareceram que não extrapolam no jogo, pois eles procuram respeitar os outros motoristas que ficam dormindo.

Comentei sobre a possibilidade de jogarem truco com os motoristas de outra empresa, mas eles não aceitaram essa hipótese, e alegaram que os outros motoristas são muito reservados, e conversam apenas entre si.

O trabalho de campo ainda não está concluído, pois devemos estudar mais vezes, para verificar se as informações conferem, pois por enquanto, achamos apenas 4 "jogadores" e alguns motoristas que ficam apenas conversando em frente aos seus veículos. E por enquanto, a única atividade é jogar truco.

Na última sexta-feira, o motorista de ônibus Walisson da Silva de 28 anos, deu uma entrevista para o blog "Sociedade dos Motoristas". Ele comentou sobre diversos assuntos. Segue abaixo a entrevista realizada.

O que vocês costumam fazer enquanto esperam os alunos?
Ahn, a maioria dos motoristas dormem, nos bancos dos ônibus mesmo ou no bagageiro. Alguns ficam jogando baralho, outros conversando. Eu prefiro dormir mesmo.

O que PUC oferece para vocês?
Nada. Só tem esse espaço para estacionar o ônibus ou a van mesmo. Para usar um banheiro decente, temos que subir e usar uns desses que tem no prédio. O banheiro que eles oferecem é um banheiro químico, todo sujo.

Alguma outra universidade oferece algo melhor?
Sim. Na Unimep por exemplo, tem uma sala para os motoristas. Tem café, água, sofá e televisão. A gente fica bem confortável. Mas em compensação, tem faculdade que nem estacionamento tem. Temos que estacionar em posto de gasolina e esperar lá.

E para comer? Quais são as opções?
Quando a gente tem fome, temos que ir até a Unicamp, porque o preço lá é bem mais acessível. Aqui na Puc não dá pra comer não. É muito caro.

Se pudesse pedir algo a PUC, o que pediria?
Num precisa de muita coisa não. Só um banheiro decente já está bom. Um banheiro limpo, porque esse num dá pra usar.

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